Não se enganem
Como é triste viver nesta melancolia,
Desconhecido pela alegria e pela calmaria.
Espalham rumores tolos sem perceber,
Que também conheço o peso do sofrer.
Dizem por aí que sou livre de aflição,
Que minha vida é um mar de perfeição,
Que sou melhor que qualquer um na Terra,
E que tudo em minha vida é só primavera.
Não se enganem, eu não vivo em paraíso,
Problemas aparecem em meu caminho sem prévio aviso.
No entardecer, o cansaço me abraça igualmente,
E a tristeza me encontra sofrendo incessantemente.
Como qualquer um, percorro este chão,
E diante do destino rogo por compaixão,
Pois também sou humano, com angústias e desejos,
Busco a felicidade entre sonhos e ensejos.
Não me enxerguem como um ser especial,
Com uma vida plena, sem dor e sem mal,
Pois carrego o fardo deste mundo tão incerto,
E enfrento a vida com todos os meus sentidos despertos.
Não acreditem nesses boatos sem razão,
Que tentam pintar minha vida com ilusão,
Pois sou apenas um viajante da existência,
Na busca incansável pela felicidade com insistência.
— Antônio Reis