Não ser correspondido é amar o vazio
Não ser correspondido é amar o vazio. É jogar sua âncora em um mar sem fundo, mas o seu navio é apenas um pequeno barco, e quando as correntes se encurtarem, o peso da âncora puxará seu barco junto com ela, e você irá junto, lá para o fundo.
Não ser correspondido é alimentar um leão selvagem dentro de uma jaula; em algum momento ele irá te atacar e te devorar, junto com os pedaços de carne que você estava dando para ele.
Não ser correspondido é regar o vaso de uma flor morta, achando que ela voltará a viver, mas apenas ervas daninhas irão nascer.
Não ser correspondido é tomar do cálice contendo veneno achando que ele irá te curar das suas dores, mas ele irá apenas te matar; e o pior: bem lentamente.
Não ser correspondido é desejar que o sol nasça durante a noite; que o céu fique azul durante um dia nublado e chuvoso.
E, por fim, não ser correspondido é acreditar que se pode voar, mesmo estando com as asas quebradas.
— Antônio Reis