O adeus que não quero dizer

Não sei respirar sem ti. És o ar que me falta, o sol que me cega, a razão do meu riso. Agora, tudo é sombra, gelo, vazio. Sinto-me como se tivesse perdido um pedaço de mim, um pedaço vital, que me fazia ser quem sou.

Amei-te com uma loucura sem medida, com uma paixão que me devorava, com uma entrega que me alegrava. Dei-te tudo de mim, a minha carne, o meu espírito, o meu coração. Não me arrependo de nada, mas dói-me tanto saber que não bastou, que não me quiseste como eu te quis.

Vi isso acontecer, pressenti os sinais. O teu olhar ausente, o teu toque frio, o teu beijo insípido. O teu silêncio absoluto fez-me pensar muito, fez-me duvidar do que fiz de errado, do que deixei de fazer, do que podia ter feito melhor. Mas não achei resposta, só angústia, só solidão.

Não é justo, não quero aceitar. Não quero crer que me deixaste, que me trocaste, que me esqueceste. Não quero imaginar-te nos braços de outro, dizendo-lhe as mesmas coisas que me dizias, sentindo por ele o mesmo que sentias por mim. Não quero sofrer, não quero chorar, não quero morrer.

Mas não consigo esquecer-te, não consigo largar-te. Volto a procurar-te, volto a encontrar-te, volto a suplicar-te. Ligo-te outra vez para ver se é verdade, para ver se mudaste de ideia, para ver se ainda me amas. Mas tu não atendes, não respondes, não te importas.

E sinto-me um nada, um lixo, um fracasso. Odeio-me por te amar, odeio-me por te querer, odeio-me por te esperar. Culpo-me por tudo, julgo-me por nada, castigo-me por nada. Firo-me, corto-me, sangro-me.

Não tenho mais força, não tenho mais vontade, não tenho mais esperança. Não tenho mais amigos, não tenho mais família, não tenho mais ninguém. Só tenho a mim mesmo, e não gosto de mim. Só tenho a dor, e não aguento a dor.

Já me vou, nunca mais voltarei. Não tenho mais nada a perder, não tenho mais nada a ganhar, não tenho mais nada a viver. Vou libertar-me deste sofrimento, vou livrar-me deste tormento, vou despedir-me deste mundo. Vou esquecer-te, vou perdoar-te, vou deixar-te.

Só te peço, só te lembro, só te digo. Serás sempre o meu amor, serás sempre o meu sonho, serás sempre a minha outra metade. Serás sempre a minha alegria, serás sempre a minha luz, serás sempre a minha vida. Serás sempre o meu tudo, serás sempre o meu nada, serás sempre o meu adeus.

Amo-te, odeio-te, esqueço-te. Morro, renasço, liberto-me. Parto, chego, encontro-me. Sou, não sou, fui. Fui feliz, fui triste, fui tu. Fui.

— Antônio Reis

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Nascido em Juruaia, a famosa Capital da Lingerie em Minas Gerais, descobri minha paixão pela escrita em 2011 e desde então escrevo como um passatempo gratificante. Como criador do site Verdadeiramente.com.br, busco compartilhar minhas reflexões e perspectivas únicas sobre a vida. Meu objetivo é inspirar e desafiar as pessoas a pensar de maneira diferente, enquanto compartilho minha jornada pessoal de autoconhecimento.

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